Quando pensamos em educação de Surdos há duas visões distintas que surgiram em épocas diferentes: clínica-patológica e sócio-antropológica. A primeira visão vê o Surdo como um sujeito doente, já que a maior parte das pessoas utiliza como forma de comunicação uma língua oral-auditiva, que precisa ser normalizado, medicalizado para viver em sociedade e a melhor forma de fazer isso é fazê-lo falar e fazer leitura labial. A segunda compreende o Surdo como parte de uma diversidade humana que utiliza um canal de comunicação diferente da maioria.
No ano de 1880 aconteceu uma conferência internacional de educadores de surdos que tinha como intuito definir de que forma seria feito a educação dos surdos. Havia uma disputa entre a utilização da Língua de Sinais e métodos de oralização. No congresso foi realizado uma votação e o oralismo foi declarado superior as línguas de sinais aprovando uma resolução que proibia o uso da língua de sinais nas escolas.
Ao proibir o sujeito Surdo de utilizar o canal de comunicação visuo-gestual que permite a sua comunicação de forma natural e espontânea os surdos foram privados de serem eles mesmos. Segundo Paulo Freire (2014, p. 17) "Com a palavra, o homem se faz homem. Ao dizer a sua palavra, pois, o homem assume conscientemente sua essencial condição humana. E o método que lhe propicia essa aprendizagem comensura-se ao homem todo [...]"
A imposição oralista durou quase 100 anos. De
acordo com Strobel
(2009, p. 108) “Durante muito tempo, devido ao processo de imposição cultural
ouvinte o povo surdo, vemos um acesso quase que irrestrito à cultura surda, por
causa
das
lutas de relações de poderes em ambos os
lados. Mas atualmente o povo surdo luta com garra e força por reconhecimento da
representação de diferença cultural e identidade surda”.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimirdo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
STROBEL,
Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2ª ed. Floroanópolis:
UFSC, 2009.
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